Camila Gusmão

Com a suspensão de cerca 70% do volume de compras de borracha natural pelas pneumáticas devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), cerca de 10 mil famílias de sangradores no noroeste paulista se encontram em situação financeira delicada, já que de abril a junho acontece o pico da safra e era esperado aumento da renda.

Reprodução

Campanha de solidariedade da Apabor beneficia sangradores paulistas

Para tentar atender ao menos a necessidade alimentar das famílias que dependem da venda de coágulo para viver, a Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor), entidade de maior representação do segmento produtor no país, iniciou uma campanha para angariar fundos destinados à compra e distribuição de cestas básicas nos seringais do noroeste paulista.

Segundo Fábio Magrini, heveicultor e presidente da Apabor, a ação é realizada em parceria com as usinas de beneficiamento associadas. Aquela família que depende da venda do coágulo e estiver em situação financeira difícil pode entrar em contato com a usina para qual já vende a sua produção e preencher um cadastro. A usina fará a triagem e enviará à associação os casos com mais urgência.

Para doar, basta entrar em contato com a Apabor pelo telefone (17) 3235-1088 ou pelo sítio na internet www.apabor.org.br para que a associação possa informar uma conta para depósito.

“É uma situação difícil a que estamos passando, e não é culpa de ninguém. Não podemos culpar nenhum elo da cadeia produtiva por isso. Temos o lado econômico, no qual queremos que tudo volte a funcionar normalmente, e temos o lado humanitário, no qual é necessária a proteção à vida”, destaca Magrini.

Segundo a associação, qualquer poupança que as famílias de sangradores poderiam ter, possivelmente já foi consumida durante a última entressafra e nos meses de menor produção.

“A gente sabe que o dinheiro dos sangradores é curto, é muito importante ajudar agora”, afirma o presidente.

Junto com a arrecadação, a Apabor está buscando parceria com os bancos de alimentos municipais. De acordo com a entidade, a distribuição nos municípios será priorizada por ordem do Índice de Desenvolvimento Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) combinado com a disponibilidade de logística para entrega por parte das usinas participantes.

Coleta emergencial

Com unidades de beneficiamento nos municípios de Colina e de Poloni, a Colitex está realizando uma coleta geral de coágulo do parceiro-sangrador com o intuito de ajudar as famílias que se mantém exclusivamente com o dinheiro das vendas de coágulo.

Segundo João Luiz Berckmans, diretor da Colitex, embora o pátio da usina esteja repleto de coágulo devido à paralisação das pneumáticas, a empresa se preocupou com o lado mais importante - o humano -, e realiza a ação para ajudar os sangradores que trabalham sob o regime de parceria agrícola nas propriedades rurais.

A coleta geral teve início na última segunda-feira (30) e o pagamento está previsto para 17 de abril. Já para o proprietário, o prazo de pagamento é indefinido, ou quando a usina retomar as vendas.

Berckmans afirma que, caso as vendas do granulado escuro brasileiro não sejam normalizadas, a usina não tem condições para continuar com novas coletas.

RELACIONADAS:
ABTB suspende eventos presenciais de março e abril
Pandemia causa efeito dominó na cadeia produtiva da borracha
Apabor anuncia providências frente à pandemia
Novo coronavírus pode atingir beneficiamento de borracha no Brasil
Coronavírus impacta setor de borracha de diferentes formas

Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte.