CBH2021 - Sétimo Congresso Brasileiro de Heveicultura pela primeira vez online (conteúdo aberto) |
![]() |
16/11/2021 | |
Participaram do evento profissionais de todos os elos da cadeia produtiva da borracha natural Camila Gusmão Organizar um evento híbrido - presencial e online - em meio à uma crise econômica, política e de saúde pública, vivenciada durante a pandemia de Covid-19, se apresenta como um verdadeiro desafio. Tal palavra define a sétima edição do Congresso Brasileiro de Heveicultura, realizada na cidade de Piracicaba, de 10 a 12 de novembro. Ao todo, cerca de 350 pessoas participaram do evento, que se consolida como um dos principais acontecimentos do setor heveícola no país. CEDAGRO/ Ailton Bretas O Teatro Municipal Erotídes de Campos, mais conhecido como “Teatro do Engenho”, localizado no histórico Parque do Engenho Central, às margens do imponente Rio Piracicaba, foi escolhido para ser palco do primeiro evento presencial do setor com o abrandamento da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Seguindo recomendações sanitárias para prevenção à disseminação do coronavírus, o evento foi organizado pelo Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro) e pela Lateks, gestora do portal Borracha Natural. Segundo Gilmar Gusmão Dadalto, presidente do Cedagro, 110 cidades brasileiras de 17 Estados - incluindo os principais produtores de borracha natural do país - foram representados no congresso. “É uma honra participar da organização do congresso. A seringueira foi a árvore da minha turma de formatura em 1980. A heveicultura tem grande importância pois, além do uso mais conhecido, na fabricação de pneus, é utilizada também na saúde, na engenharia, em calçados, esportes e, no final da sua vida útil, ainda pode ser utilizada a madeira. Heveicultura é geração de emprego, ambientalmente equilibrada e com altas taxas de sequestro de carbono, mas apesar de tamanha importância, não é suprida nacionalmente”, afirmou Dadalto, na Cerimônia de Abertura do evento. Para Heiko Rossmann, diretor da Lateks e presidente do VII Congresso Brasileiro de Heveicultura, o objetivo principal do evento é discutir novas ideias e propostas para o crescimento do setor de borracha no Brasil. “Há 21 anos, Augusto Hauber Gameiro e eu lançamos o sítio na internet ‘Borracha Natural’. Nestas duas décadas que se passaram, o setor de borracha cresceu, é verdade... mas muito aquém do seu verdadeiro potencial. O Brasil produzia 85 mil toneladas de borracha natural em 2000, e deve alcançar 235 mil toneladas em 2021, um crescimento de 176%. O Vietnã, por exemplo, no mesmo período, registra um verdadeiro ‘salto olímpico’ de 675%”, declarou. CEDAGRO/ Ailton Bretas O especialista também abordou o tema “preço” em seu discurso de abertura, afirmando que este era motivo de insatisfação na década de 1990, e continua sendo nos dias de hoje. “Porém, antes da questão ‘preço’, tem-se um processo da porteira para dentro, que merece toda a atenção do produtor”, destacou. De acordo com Rossmann, a obrigatoriedade de produção de mudas de seringueira em bancadas suspensas representou um retrocesso para o setor heveícola no Estado de São Paulo, resultando no fechamento de mais de 130 viveiros paulistas registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a consequente redução da oferta de mudas no mercado, de 15 milhões por ano para menos de 500 mil. “Bancadas suspensas... um ato irresponsável cometido pelo Estado em 2013, corrigido somente em meados deste ano pelo atual secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, senhor Itamar Borges, aqui presente”, afirmou. Ao sugerir a criação de um programa estadual de incentivo ao plantio de seringueira, Rossmann dedicou esta edição do Congresso Brasileiro de Heveicultura ao Dr. Paulo de Souza Gonçalves, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), lotado no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), responsável pelo lançamento de inúmeros clones de seringueira melhor adaptados para o planalto paulista. “Tem à sua disposição Dr. Paulo de Souza Gonçalves, pesquisador da Embrapa, lotado no Instituto Agronômico, a quem dedico este congresso, em reconhecimento pela sua importante contribuição à heveicultura mundial na área de melhoramento genético”, enfatizou. A força da engenharia Diante da pandemia do Covid-19, a engenharia não parou, seja no agronegócio, na construção ou na manutenção das estruturas necessárias para a sociedade. Prova disso é o patrocínio âncora do sistema do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea/Crea/Mútua) ao congresso. Andréa Brondani da Rocha, engenheira agrônoma e conselheira federal do Confea, destacou a participação da entidade de fiscalização dos profissionais da engenharia no evento. “Estamos em um local histórico (Engenho Central), que nos lembra a força do agronegócio e a força da engenharia. Se tem um estado que agrega valor à heveicultura é São Paulo. Sou ‘cria’ da Esalq e Unicamp, potencias universitárias do país, e nós do sistema Confea/Crea somos totalmente apoiadores deste evento. Estamos tendo a COP26 (Conferência das Partes), enquanto o mundo clama por sequestro de carbono - que é totalmente alinhado com a heveicultura. Estamos aqui compromissados”, destacou. Metade de São Paulo Também durante a Cerimônia de Abertura, no primeiro dia do congresso, Itamar Francisco Machado Borges, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, falou sobre a importância da heveicultura para o Estado, onde 305 municípios têm seringueira plantada, ou seja, quase metade dos 645 municípios paulistas. “Eu aposto e confio nos produtores de São Paulo. O nosso desafio agora é recuperar o tempo perdido, e tenho certeza que nossos produtores serão capazes disso. Com a resolução assinada pela Secretaria em 3 de julho de 2021 sobre as mudas em bancadas, corrigimos a legislação para produção de mudas no Estado e, com isso, queremos ampliar a produção”, afirmou Borges. São Paulo é o maior produtor nacional da borracha natural e responde por 68,2% do volume total produzido no país. De acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, a borracha natural gerou R$ 639 milhões para o Estado no ano passado. O secretário de Agricultura comentou ainda que esteve na Expo Dubai e na COP26, integrando a comitiva do governador João Doria, e teve o desafio de levar a imagem de sustentabilidade do agronegócio paulista e brasileiro. “A heveicultura é uma cultura que, por si só, gera renda, matéria-prima e, de quebra, contribui para o meio ambiente. Medidas e procedimentos adotados por São Paulo foram reconhecidos como modelo a ser seguido na COP26, como o programa de recuperação ambiental, onde queremos recuperar 800 mil hectares até 2040, e mais 700 mil hectares com pagamento por serviços ambientais e integração lavoura-pecuária-floresta”, disse Borges. Formaram a mesa da Cerimônia de Abertura do congresso Francisco Matturro, secretário-executivo da Secretária Estadual de Agricultura e Abastecimento; Nancy Aparecida Ferruzzi Thame, secretária municipal de Agricultura e Abastecimento, representando o prefeito municipal Luciano Santos Tavares de Almeida; Pedro Inácio Wandekoken, presidente da Associação Brasileira de Produtores e Beneficiadores de Borracha Natural (Abrabor); Klauss Curt Müller, presidente-executivo da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip); Reynaldo Lopes Megna, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Artefatos de Borracha (Abiarb) e Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha e da Reforma de Pneus no Estado de São Paulo (Sindibor). Melhor rendimento Para o produtor paulista de borracha natural Ricardo de Oliveira Martins, que participou presencialmente dos três dias do congresso, a heveicultura é uma das atividades do agronegócio com melhor rendimento atualmente, e uma das poucas com receita praticamente mensal. Ele contou que tem uma estrutura de confinamento de gado parada no momento devido ao alto custo dos ingredientes da ração e insumos em relação ao preço da arroba. “Ou seja, o custo da arroba produzida inviabiliza a operação do confinamento devido ao alto investimento, não tendo o retorno compensatório financeiramente, além do alto risco da operação”, disse. Divulgação/ Ricardo Martins O heveicultor possui uma plantação de 12 mil árvores na Fazenda Paraneia, no município de Avanhandava, a cerca de 108 quilômetros a sudoeste de São José do Rio Preto. “Plantei seringueira em 2010 e 2011. Para mim é muito compensador, mas o produtor precisa seguir as recomendações técnicas. Parabéns pela organização do evento - foi muito bom! Considero a heveicultura como a cultura da prosperidade, pois começa a primeira safra com a abertura dos painéis, a próxima safra aumenta o número de árvores, e assim por diante, com aumento da produção”, comentou entusiasmado.
RELACIONADAS
Permitida a reprodução total ou parcial por qualquer meio.
|
< Anterior | Próximo > |
---|