Câmara Setorial da Borracha Natural de São Paulo tem novo presidente (conteúdo aberto) |
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16/03/2022 | |
Camila Gusmão Órgão consultivo vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a Câmara Setorial da Borracha Natural (CSBN/SP) elegeu no último dia 3 de março como presidente Roberto Quartim Barbosa, representante do Sindicato Rural de Garça, para o biênio 2022/2023. O novo presidente sucede a Jason Figueiredo Passos, diretor da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor), eleito em novembro de 2017. Segundo Barbosa, a motivação para se candidatar à presidência da CSBN/SP é buscar uma representação mais justa para o produtor rural junto aos principais fóruns de discussão do setor, e propor políticas públicas e alternativas de novos mercados que remunerem de forma justa e clara os produtores no campo. “Minhas principais pautas são baseadas na padronização da metodologia de coleta e análise do teor de borracha seca [DRC, dry rubber contente], na adição do custo de importação da borracha natural elaborado pelo IEA/CNA [Instituto de Economia Agrícola/ Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil] como referência de mercado, e pela valorização da borracha natural levando em consideração o custo de produção no Brasil, que é bem diferente do custo Asiático”, afirma. Trajetória Roberto Quartim Barbosa reside no município paulista de Garça, a cerca de 200 quilômetros ao sul de São José do Rio Preto, onde é membro da diretoria do Sindicato Rural de Garça. Trabalha na agricultura desde os 15 anos, quando, após o falecimento do seu pai, passou a administrar a fazenda da família em Porangatu (GO). Gerenciou propriedades também no município goiano de Aporé e em Garça. Em 1978, adquiriu um viveiro de mudas de seringueira, sendo responsável pelo plantio de cerca de um milhão de mudas. Também realizou o cadastro e a comercialização para heveicultores da sua região sob o âmbito do Programa de Incentivo à Produção de Borracha Natural (Probor III), instituído pelo Decreto nº 85.929, de 23/04/1981. Em 1980, plantou 15 mil pés de seringueira e hoje possui 40 mil árvores em produção. Por meio do Sindicato Rural de Garça, promove cursos de sangria e orientação à heveicultores sobre plantio e manejo da cultura. Também participou ativamente da fundação da Cooperativa dos Produtores de Borracha Natural (Coopbor), com sede em Frutal (MG), da qual foi diretor até o ano passado. Opinião De acordo com o heveicultor Evaldo Peral Rengel, diretor técnico da Associação dos Produtores de Borracha Natural de Goiás e Tocantins (Aprob-GO/TO), a cadeia produtiva da borracha natural no Brasil necessita de uma boa liderança em São Paulo, pois o Estado é o maior produtor do país. Além disso, tem em seu território inúmeras fábricas de artefatos de borracha.
“A cadeia produtiva nacional é quimera sem a verdadeira força, união e liderança do Estado de São Paulo. Inclusive, eu penso que a divisão de forças na heveicultura paulista, resultante dos embates entre Apabor e Apotex [Associação dos Produtores de Látex do Brasil], só enfraquece o setor no país”, disse ao portal Borracha Natural. Segundo Rengel, se as câmaras setoriais não forem ativas, o setor não progride, já que são nelas que se debatem políticas públicas e privadas, portarias e normas, que influenciam diretamente o setor. “Não conheço bem o novo presidente, e também não conheço bem a atuação da Apotex, mas por espelhamento do que acontece na Câmara Setorial federal, estou apreensivo. A Apotex se arvora como sendo representante do segmento produtor, não aceitando como princípio entidade mista composta por produtores e usinas, como é o caso da Apabor. E eu concordo com isso. Os elos da cadeia não devem se digladiar, mas são elos diferentes. Entretanto, a Apotex partiu para o confronto com a Apabor e pouco construiu até agora. Lutou pela presidência da Câmara Setorial em Brasília e, ao conquistar, à revelia da maioria dos produtores, ‘sentou em cima’ e nada somou”, lamenta. Rengel, que é engenheiro agrônomo, acredita que seguir na linha do confronto com a Apabor não é um caminho frutífero. “Desconsiderar o trabalho já realizado, só porque é resultado da atuação da Apabor ou da Abrabor [Associação Brasileira de Produtores e Beneficiadores de Borracha Natural], só cria mais dificuldades para o setor. O [Antônio Carlos Carvalho] Gerin, atual presidente da Câmara Setorial federal, não conhece os meandros de Brasília, e acabou se perdendo - não obstante, sua inequívoca boa vontade e boa intenção”, destaca. Para Rengel, a Apotex não é uma entidade de representação nacional. Independentemente do que consta no Estatuto da associação, é uma entidade paulista. “Como considero a causa da Apotex justa, pois penso que a Apabor se perdeu mesmo, e até por inércia, a Apotex se tornou significativa para a heveicultura, mas de atuação sectária e não construtiva, minando qualquer esforço de luta em nível nacional”, afirma. Na opinião de Rengel, para que o setor cresça e se fortaleça em São Paulo, e consecutivamente a cadeia produtiva nacional, é necessário um acordo para reorganizar a representação do segmento produtor. “A Apabor seria uma associação de usinas de beneficiamento, estendendo sua abrangência para todo o Brasil, deixando de ser uma associação mista. A Apotex permaneceria como uma entidade de produtores, mas de atuação apenas em São Paulo, com cooperação e entendimento sincero entre ambas. A Abrabor, por sua vez, seguiria como legítima entidade nacional, com o ingresso da Apotex e saída da Apabor. Claro que a diretoria e conselhos da Apabor devem ser ouvidos, e também aproveitados em cooperação”, conclui. A Apotex Brasil foi criada em 18 de novembro de 2014 por um grupo de produtores que não se sentiam representados por uma associação mista, ou seja, composta por produtores e beneficiadores de borracha natural.
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